terça-feira, 23 de outubro de 2007

O Herói Burguês

A predileção por tudo o que é essencial manifestou-se até mesmo nos instantes mais ousados do nosso drama, o drama burguês. Peças que apresentavam o indivíduo condicionado pela realidade do cotidiano. Paralelamente no classicismo alemão Goethe criava dramas burgueses e tragédias movidas por intenções idealistas.
A tragédia romântica do século XIX colocou em cena o super-homem que, mesmo derrotado, vence qualquer adversidade.
Apesar de ganhar riqueza, o drama tornou-se aos poucos obscuro e intelectualizado, afastando-se cada vez mais das multidões.
Incorporado ao Naturalismo ou reagindo as suas imposições, o teatro passou a ser tese, crítica social é mesmo poesia, ora carregando aspectos da realidade cotidiana, ora acentuando traços simbolistas e psicológicos, ou filtrando a objetividade através da ótica expressionista.
Os pioneiros do teatro moderno transitavam de um extreme a outro: do ultra-realismo dos primeiros naturalistas ao realismo fantástico sugerido pela revolução que se operava nas artes plásticas da época. Refletindo mais uma vez as preocupações sociais do momento, o teatro não pode escapar as pinceladas do Abstracionismo, Dadaísmo e Surrealismo. Importante ruptura com a dramaturgia tradicional foi devida a esses movimentos, que rejeitaram qualquer compromisso com o teatro realista convencional.
No século XX, o drama da classe média parecia rejeitar e ao mesmo tempo ambicionar o “teatro total”, que em palavras, gestos, sons, luzes, volumes, cores, movimentos e ritmos de todas as formas de expressão artística; tudo para dar ao espectador uma visão absoluta.

Retirado do livro: Teatro Vivo

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